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Sociedade descartável

Acho que tenho síndrome da Golden Age. Não queria viver no tempo das boas bandas de Rock nem nada do tipo, apenas em um tempo no qual as pessoas soubessem realmente se relacionar e viver.

É ridiculamente irônico eu estar postando isso em uma rede social, afinal, é aqui que as pessoas se relacionam, congregam e se amam, certo? Errado.

Essa porra de rede social apenas representa o ápice da mecanização e da falta de importância que é dada às relações humanas hoje em dia. A sociedade em que nós vivemos é nada mais que, com o perdão da expressão, UM PAU SOCADO ATÉ O TALO NO CU daquilo que nós temos de mais belo dentro de nós mesmos, que são nossas relações uns com os outros.

As pessoas antigamente podiam sair de casa sem levar o celular para colocar no Twitter, no Foursquare ou no Instagram uma foto do ônibus dela para a casa do amigo, postando uma foto cheia de efeitos e legendas em inglês para que pessoas que não dão A MÍNIMA possam ‘curtir’.

Perdemos a vontade de sair de casa e ver os amigos, para falar com eles pelo chat do Facebook. Uma festa não existe sem que ela não tenha evento no Facebook. Se alguém não tem redes sociais acaba se tornando um completo excluído da sociedade. É aí que eu me encaixo. Alguém que tem plena noção de que por mais que seja uma ideia tentadora, sair das redes sociais, ainda mais na minha idade, é como um ‘suicídio social’. Mas ainda penso na possibilidade.

Quando se tem 16 anos em 2012: Se você não fizer parte da juventude boêmia, você é um completo babaca, por isso você TEM que falsificar uma carteira de identidade para entrar nas casas noturnas suuuuuuper legais e alternativas e cool que não são para a sua idade, se não você é um babaca. E tem que pagar de bêbado e adulto também, essa é a parte mais importante. E botar tudo no twitter e no facebook depois.

(Casas noturnas para qualquer idade já são uma completa bosta. Quem não quer ostentar dinheiro, quer desesperadamente contato físico com o maior número de pessoas possível, provavelmente porque levou um fora grotesco da pessoa que gosta ou simplesmente porque os amigos botam pressão, pois afinal de contas a promiscuidade é o canal agora, pois somos livres livres livres [escravos de nós mesmos].)

Pois é assim que funciona agora, somos robôs.

Copia, cola. Copia, cola. Deleta. Esvaziar lixeira.

Formatar.

Nossos pais não tinham computador e tinham muito mais amigos do que nós. Quero dizer, eles tinham amigos de verdade, e não números em uma página. Eles davam abraços. Nós damos cutucadas.

Algo que nós tínhamos dentro de nós se perdeu. Somos uma miscigenação ambulante de ideologias e culturas, e isso não é necessariamente uma coisa boa, porque não sabemos o que significa nenhum dos símbolos que ostentamos. Mas não tem problema, afinal esses símbolos são descartáveis, assim como a música que ouvimos, a roupa que usamos e as bandeiras ideológicas que carregamos, que já estão todas predefinidas.

As guerras são apenas encenações para movimentar a economia e justificar acordos políticos. Lucro, lucro, lucro. Carro novo todo ano, tevê nova, vida nova? Sonho de consumo.

Nos tornamos uma cultura padronizada. Não temos identidade cultural. O que vem da nossa terra e está próximo de nós é ridículo, a não ser que se torne ‘cool’. Sim, é por isso que o teu avô usa alpargata. Genial.

Aqueles que se julgam superiores e únicos, além de acharem que são possuidores de conhecimento sobre tudo aquilo que é de melhor gosto e procedência não passam de pessoas com o cabelo raspado ao lado, fazendo uma faculdade paga, agindo exatamente iguais uns aos outros para darem ênfase no quão diferentes e únicos eles são. Contraditório? Nem me fale.

Somos o retrato de uma sociedade cansada e derrotada que bota o lucro acima da humanidade, e sucumbimos a isso nos tornando nada além de marionetes que acham que controlam a si mesmas. Não temos pelo que lutar nem o que defender. Parafraseando Tyler Durden, ‘nossa grande guerra é espiritual, nossa grande depressão são as nossas vidas’. Somos o bagaço da laranja do século XX e nos achamos os mais engraçados, os mais inteligentes, os mais conectados.

Podemos até ter a capacidade de nos conectar instantaneamente com uma pessoa do outro lado do mundo, mas de que isso adianta se perdemos completamente a capacidade de nos conectarmos com quem está logo ao nosso lado?

Cada dia que penso nisso, tenho mais nojo da sociedade.

Repetindo o que eu disse na outra postagem, quero que todo mundo vá tomar no cu.

PS: Foi com essa linha crítica de pensamento que eu resolvi desistir de fazer Publicidade na faculdade. Eu só me afundaria ainda mais nessa sociedade descartável na qual vivemos, e isso me faria surtar.

Memória #1

Estou amarrado numa cadeira. Tem gosto de sangue seco na minha boca. Amarraram um lençol na minha cara, então não enxergo nada. Eu estaria numa situação muito melhor se não tivesse essa goteira na minha cabeça.

Estamos em meados de Julho, eu acho. Não tenho certeza, pois depois de desmaiar tantas vezes seguidas você perde completamente a noção do tempo.

Mas ainda é inverno, disso eu tenho certeza. Não só por causa do frio, mas porque o inverno tem aquela coisa no ar. Alguns dirão que tem algo a ver com a umidade relativa do ar, mas eu não. Eu chamo isso de espírito do inverno. Aquela depressão na atmosfera, aquele cheiro de queimado mascarado pelo odor da chuva, aquele ar denso penetrando no seu crânio.

Nosso metabolismo se regula conforme as estações do ano, assim como nos animais que migram para fugir do frio. Tenho certeza absoluta de que o meu metabolismo funciona ao contrário. Tenho vontade de hibernar no verão e de procriar no inverno. Quando eu era mais novo, enquanto as outras crianças iam à praia e brincavam, eu me trancava no meu quarto no apartamento dos meus avós no litoral e não falava com ninguém.

Quando você está em um silêncio absoluto, se prestar atenção vai começar a ouvir um zunido, parecido com a estática das televisões. É uma percepção que vem de dentro do tímpano, e se você deixar, pode se tornar a coisa mais atormentadora da sua vida. O som vai aumentando aos poucos, se torna cada vez mais penetrante. Como uma bomba de silêncio.

Quando você fica completamente parado por muito tempo, algo comum quando você está amarrado em uma cadeira, começa a sentir sua circulação de forma suave. Pode ser até meio chapante no início, mas depois vai se tornando uma dormência estranha. Seu corpo começa a achar que você está dormindo, e você tem a chamada Catalepsia Projetiva. É a paralisia durante o sono que nos faz não socar a parede enquanto sonhamos que lutamos com alguém, por exemplo.

O problema é quando isso acontece enquanto você está acordado.

Enlouquecer é mais fácil do que parece.

O caos está dentro de nós.

Na primavera eu tinha febre. Céticos dirão que o pólen me dava alergia, e pode até ser verdade, mas tem algo mais. A primavera é pesada. É como se alguém pegasse o controle remoto e aumentasse o contraste até o talo. A primavera nos engana. Todos os meus namoros terminaram na primavera.

Isso que as pessoas falam sobre os sentidos é verdade. Isso de cegos ouvirem melhor e terem mais tato. Por ter um lençol tirando minha visão e por estar com o corpo completamente dormente, escuto perfeitamente o zunido da abelha mental dentro do meu cérebro e consigo traçar minuciosamente a trajetória que cada gota de água dessa goteira faz.

Ping. No topo da minha cabeça.

Deslizando levemente pelo meu rosto, a gota vem até a minha boca. Café da manhã.

Um homem com o meu porte físico não aguenta mais de três dias sem água. Aquilo que me mata está me deixando vivo. A mão que alimenta.

Quanto mais sutil, mais aterrador.

Monotonia/Insônia

– Tá quente pra caralho. – Observou. Não conseguia dormir. Esse era o maior problema do verão, junto com a falta de apetite. Resolveu abrir a janela. Ouviu Ai se eu te pego tocando a uns oitocentos metros de distância.

Levantou. Tateou a parede até encontrar o interruptor. Acendeu a luz e se olhou no espelho. Era feio. Mas ele não se importava. Para ele, inteligência e beleza eram completos opostos. Lera isso em um livro e desde então usara como desculpa para sua aparência horrenda… Ele realmente não se importava.

Dirigiu-se até a cozinha. Tateou a parede até encontrar o interruptor. Não encontrou e resolveu abrir a geladeira. Pegou aquela jarra cheia de Kissuco estragado e serviu no seu copo do Grêmio. O copo era feio, mas ele não se importava.

Olhou para o chão. Viu que tinha um líquido estranho esparramado perto do tapete persa do tio Gerônimo. Pegou um pano na lavanderia. Jogou em cima do líquido estranho. Tinha uma cor puxada para o verde. Tanto o pano quanto o líquido.

Aproximou-se do chão. O pano cheirava muito mal. Fez como sua avó sempre fazia, e esfregou o pano no chão com o pé. Escorregou como num passo de dança de Cantando na Chuva e bateu com a nuca na mesa de vidro.

Não levantou mais.

Encheção de linguiça e redes sociais.

Com vocês, uma postagem que eu estava escrevendo em fevereiro deste ano.

Reescrevi esse post umas 3 vezes. A primeira era reclamação generalizada. A segunda era uma lista de coisas que me irritam. Eu realmente não posso postar de mal humor.

O problema é que… não sei o que postar, pra variar. Minha vida não tem muita graça. A vida de ninguém tem graça. Ninguém quer saber de nada. Pessoas da minha idade ficam 24 horas por dia no computador, falando coisas literalmente inúteis no twitter e atualizando a página do facebook. Olha só, já estou reclamando de novo… mas vamos lá.

Não entendo quem fala mal do orkut e fala super bem da porra do facebook. É tudo bosta do mesmo cu. Um cu bem sujo. Um cu que passou por uma diarreia daquelas causadas por hambúrguer de beira de estrada. Ou por qualquer visita ao McDonald’s da Silva Só. Daqui a pouco aparece outra rede tendência, mas vai cheirar tão mal quanto as anteriores.

As duas redes sociais são infestadas de pessoas irritantes. A diferença é que a chinelagem se concentra no orkut e os cultzinhos no facebook.

Mas com certeza a rede social que mais me dá nos nervos é o twitter. Agora que reativei dei unfollow em muitas pessoas, porque aquilo é um antro de gente pretensiosa e reclamona (mais do que eu, e olha que isso é difícil).

Pessoas que dizem usar o twitter ‘de forma inteligente’ não me seguem porque eu praticamente só dou Mentions. Mas essas mesmas pessoas que se acham a nata da internet só postam links babacas. Seriously, guys. As redes sociais só afastam quem tá perto e aproximam quem tá longe. Roubei essa frase, mas não lembro de onde. (até rimou)

No final das contas, essa porra não serve pra nada. Vivia-se muito bem antes de tudo isso existir. Só um messenger pra mim já está ótimo. Pro resto existe celular ou  ~CONTATO PESSOAL~, lembram dele…?

PS: Estamos em dezembro, e eu ainda acho tudo isso.

Oi. (2)

Oi. Como vai você?

Cara, sou fã do PC Siqueira. Vejo os vídeos novos, e quando percebo também to vendo os velhos. Não sou do tipo que fica pagando pau pra ele a todo momento, se veste parecido com ele (por mais que eu adore as roupas da Kosmik) e fala dele como se o conhecesse, mas pelo que ele fala em seu vlog parece ser um cara muito autêntico. Ele faz o que ele quer, as tatuagens dele são de coisas que ele realmente gosta, não que foi forçado a gostar.

Que eu saiba, né. Ele tatuou Space Invaders. É legal mas é meio bazingueiro.

De qualquer forma, eu diria que em vários aspectos, ele deixa um bom exemplo a ser seguido, em termos de individualidade. Fora que ele é engraçado. O primo dele que ri igual o Mutley também.

Enfim. Estou com saudade de escrever como antes. O que eu mais gostava de fazer eram crônicas de humor negro. Principalmente quando elas envolviam conhecidos sendo estuprados pelo satã. Ou suricates. Pretendo escrever mais sobre suricates, minha fase satânica passou. Disse satânica, mas a fase U.D.R nunca acaba.

To querendo começar a escrever histórias aqui. Não garanto nada, mas eu redescobri minha paixão por escrever depois que entrei no Lizt (http://lizt.com.br)

Acabei de

Deletar o meu twitter. Pela enésima vez. Ninguém presta naquela merda.

 

 

EDIT: Reativei a pedidos da minha querida Za. Como já me disseram, sou muito cerol.

Vou ser sincero:

Postar crítica de filmes é meio chato. Ainda mais escrevendo querendo parecer cult. Isso tirando o fato que eu não gosto de como as duas últimas críticas estão escritas. Acho que escrevi sem vontade.

Sou melhor escrevendo o que me vem na cabeça. Não gosto de seguir padrões.

Ainda não sei pra onde vou levar esse blog, se é que vou fazer alguma coisa dele. Não sei se deixo as críticas aqui ou se tiro. Deu um trabalho escrever tudo aquilo, mas como já disse, elas não me agradam muito. Arghh… Fiquem com um pouco de Frank Sinatra.

Oi.

Não sei o que postar, então… vamos conversar, eu e você. Como vai? Andou perdendo peso?

Se tem uma coisa que eu odeio é gente que não dá atenção aos amigos. Ou que troca de amigos como quem troca de roupa. E olha que tem gente que usa a mesma roupa por semanas. Ainda sou idiota de ir atrás.

Incrível que quanto mais tu quer alguém por perto, mais ela se afasta. E vice-versa.

Não sei se eu que sou o chato ou eles que são os loucos. Loucos todos somos. Uns de uma forma mais conveniente que outros. Mas isso tudo é relativo. Como seria um louco conveniente? Conveniente seria o louco pela vida, o louco por amor. Mas isso é raro. Bem raro.

A loucura, na verdade, é a coisa mais normal do mundo. Porém nem sempre é tão conveniente. As pessoas rotulam umas as outras como loucas quando demonstram seus problemas, e elas fazem isso apenas para fugir de seus próprios. Portanto, loucura todos temos. O normal é ser louco.

 

Por isso matei minha família inteira com um machado. 

Sangue Negro

Sangue Negro (There Will Be Blood, 2007), é um filme dirigido por Paul Thomas Anderson, e conta a história de Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis), um fracassado minerador de prata que começa a enriquecer fazendo perfurações e encontrando petróleo.

Com o sucesso das perfurações, Daniel e seu filho H.W (Dillon Freasier) resolvem tentar a sorte em uma pequena cidade ao oeste da Califórnia. O nome da cidade é Little Boston, sendo que a única diversão do local é a igreja do carismático pastor Eli Sunday (Paul Dano). Daniel e H.W. se arriscam e logo encontram um poço de petróleo, que lhes traz riqueza mas também uma série de conflitos.

O filme é muito interessante e bem composto, contando com a atuação vencedora do Oscar de Daniel Day-Lewis. A obra retrata de forma singular o poder destrutivo da ganância e da ira, assim como dos excessos em geral, e como estes podem transformar humanos em monstros. Vale a pena observar esses aspectos representados no humor violento do protagonista e na forma como os cidadãos de Little Boston são devotos a doutrina controversa do padre Eli. Um filme pesado e longo, mas que vale muito a pena ser assistido.

Com toda a certeza é o filme mais maduro de Paul Thomas Anderson. O diretor faz uma crítica mordaz e alegórica à sociedade atual, encarregando da trama dois personagens completamente opostos. Daniel é o esteriótipo do frio homem de negócios. Admite em algumas partes do filme odiar todos os seres humanos que conhece, e tira de seu caminho qualquer coisa que possa atrapalhar os seus negócios. É perceptível no seu consumismo destrutivo a ganância desmedida que cria o caráter do personagem. Vale a pena citar também que em muitas partes do filme fica claro que ele simplesmente não tem um motivo para tudo isso. Ele só quer ser melhor que os outros e não quer que ninguém além dele tenha sucesso. Por outro lado, Eli é um homem do povo, e sua felicidade se concretiza com seus sermões teatrais e com seu afeto pelos outros.

Algo que muita gente não percebe, mas que é um aspecto muito importante, é que os dois antagonistas, por mais que diferentes, são ambos alimentados pela ganância e pela inveja – não apenas Daniel. Eli quer ser poderoso e amado pelo povo, e isso tudo vem do ódio sentido por seu irmão mais velho, Paul, que se tornou rico após fazer um acordo com Daniel. Seu irmão mais velho lhe causa uma inveja enorme, e por isso ele procura se auto-afirmar às custas da fé da cidade.

Visualmente, o filme também é muito bem feito. A fotografia tem um estilo cru, e existem mensagens muito interessantes que são facilmente vistas. Um dos momentos mais marcantes do filme com certeza é quando uma das torres de extração de petróleo de Little Boston prende em chamas, remetendo ao próprio inferno, e ao arrependimento de Eli ter deixado o ‘diabo’ ter entrado em sua terra. A alegoria é perfeita.

Outra coisa marcante, que já foi comentada, é o senso de humor ácido que vemos durante todo o filme. Obviamente proposital, para equilibrar com o clima pesado ao qual somos submetidos na obra. A ladainha gritada pelos personagens é digna da criação de memes.

Resumindo, é um filme realmente visceral e com muitas interpretações. Eu poderia escrever muitas páginas sobre o que esse filme tem a oferecer. Li várias críticas deste filme antes de escrever a minha própria, e posso dizer que cada pessoa vê o que quer nesta obra. Um filme maravilhoso, denso e bem composto. Você não irá se arrepender.

Confiar

Título original: Trust. (David Schwimmer, 2011 -estreia no Brasil em 23 de setembro de 2011-)

Entre os muitos filmes que abordam o mundo do crime, a grande maioria passa batido pela sua falta de originalidade e pancadaria desenfreada. Grande parte das obras do gênero acaba por se tornar um blockbuster esquecido depois de alguns anos, mas este com certeza não é o caso deste filme.

Acompanhamos a história de Annie, uma garota comum que vive com sua família em Chicago, e leva uma vida perfeitamente normal. Porém, em seu décimo quarto aniversário, seu pai lhe dá um computador, dizendo que agora que ela está mais velha, confia nela o suficiente para ela usar a internet sem ele precisar se preocupar.

Annie então faz amizade com um rapaz de dezesseis anos chamado Charlie, e em pouco tempo acaba se apaixonando por ele. Ao longo de dois meses, porém, Charlie admite que na realidade tem vinte e cinco anos, mas que isso não deveria atrapalhar o relacionamento de ambos. Annie não vê problema e vai encontrar com seu amante no shopping, porém ao se encontrarem ela vê que na realidade Charlie tem em torno de quarenta anos e que havia mandando fotos falsas, porém não reage o suficiente para não acompanhar Charlie até o motel mais próximo. A trama então se desenrola a partir do estupro de Annie.

Admito que tive que assistir o filme duas vezes para entender realmente a proposta. A ideia em si é sensacional, mostrando uma visão mais realista do que a de muitos filmes que abordam o tema.

O final deixa muita coisa no ar -praticamente tudo, se for me perguntar- porém isso é crucial para a ideia do filme; serviu para mostrar que NEM SEMPRE tudo acaba bem. A proposta é realmente singular se for olhada deste modo. O pequeno vídeo depois do final do filme também é muito interessante, no qual Charlie aparece como um respeitado professor e pai de família.

Um dos objetivos do filme -provavelmente o mais explícito e importante- é mostrar que as pessoas más existem, e que elas estão em todo lugar. Percebemos a vontade do diretor de mostrar isso em várias cenas, desde a parte dos ‘rastreadores de pervertidos’ até o curta que toma conta da tela na cena final. A obra conseguiu fugir do clichê com uma abordagem triste e intimista da história, e não simplesmente mostrando pancadaria de pedófilos como muitos outros filmes. A atuação de Clive Owen (pai de Annie) e de Liana Liberato (Annie) são muito boas, e realmente criam momentos dignos de lágrimas. Um filme que merece bastante crédito pela singularidade, mesmo que ao primeiro olhar pareça apenas ‘mais do mesmo’.