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Viagem a Darjeeling

Título original: The Darjeeling Limited

Francis (Owen Wilson) e seus dois irmãos Peter (Adrien Brody) e Jack (Jason Schwartzman) não se falam há um ano, desde o funeral de seu pai. Francis, numa tentativa de unir de novo o que resta de sua família, chama seus dois irmãos para uma viagem inesquecível a Darjeeling, no âmbito espiritual da Índia. Francis revelará, mais tarde, que a viagem tem como objetivo fazer os irmãos se reencontrarem com sua mãe, que descobriram ter ido viver em uma espécie de convento indiano.

Durante a viagem os irmãos irão se deparar com diversos momentos de reflexão, pensando seriamente sobre sua relação familiar e sobre suas vidas atuais.

Nos aspectos técnicos, o filme não deixa nada a desejar. O promissor diretor Wes Anderson consegue unir com perfeição a trilha sonora e a fotografia diferenciada com a personalidade dos três irmãos. A obra conta com um roteiro fora do comum, com uma abordagem diferenciada das relações familiares e um humor refinado e sutil, além de personagens de muito carisma e caráter.

O filme pode ser facilmente considerado uma libertação tanto emocional quanto material. Inclusive, esse é um ponto muito bem explorado no filme; os protagonistas, Peter principalmente, usam roupas de seu pai e viajam usando suas malas, como se fosse para representar que esses objetos são as únicas coisas que ainda os ligam. Ao final da viagem, observa-se os personagens deixando tudo de lado, como por exemplo a cena anterior aos créditos, em que os três irmãos embarcam em seu trem final atirando as malas de seu falecido pai para longe. Durante sua aventura, os protagonistas irão descobrir muitas coisas sobre eles mesmos e pelo quê realmente vale a pena lutar na vida.

Recomendo este filme fortemente. Tornou-se um de meus preferidos. Você não irá se arrepender de entrar nessa aventura.

Volta dos mortos

Olá fofos. Houveram algumas confusões quanto a administração do blog, porém estou aqui de volta, e pretendo tornar isso aqui um pouco mais variado, postando além de filmes e álbuns, algumas coisas que passam pela minha cabeça. Mais ou menos como um blog anterior que eu tinha, no qual eu falei tanta bobagem que ele poderia ser usado para escrever um livro de psicologia.

Pois bem, sem mais delongas, as postagens começam a aparecer a partir de hoje. Beijos me liguem. 🙂

EDIT: 5 meses sem postar, sou um mentiroso.

Pink Flamingos

Este com certeza tinha que ser o filme a receber a primeira crítica aqui do blog, por ser o filme mais chocante, podre, absurdo e estranho que já assisti. Tudo isso no bom sentido!

O filme mais infame de John Waters tem como ator/atriz principal o cantor e drag queen Divine, que ao se esconder da lei com sua família em um trailer no meio de Baltimore, usa o pseudônimo de Babs Johnson. A história se baseia em duas famílias: a de Divine (formada por Ela, sua mãe com problemas mentais e fanática por ovos, seu filho zoófilo com um cavanhaque Shaggy-style e sua companheira voyeur de viagem) e um casal de Baltimore: os Marbles, donos de um cativeiro que mantém jovens moças como escravas, para engravidá-las e vender seus filhos para casais de lésbicas. Pink Flamingos mostra a disputa entre estas famílias pelo título de ‘Pessoas mais podres vivas’. E acreditem – Podre em TODOS os sentidos da palavra.

A partir daí já dá para ter uma ideia de como a história de desenrola. O que mais me impressiona é os atores terem aceitado fazer tudo o que fizeram no filme. Sinceramente, é grotesco. Como o subtítulo do filme diz, An Exercise In Poor Taste.

Mas é claro, foi por outros motivos que se tornou um cult. Por trás desta casca grossa de nojeira e humor de mal gosto, existe um objetivo. Pink Flamingos surgiu para ser impactante. O filme surgiu durante um tempo em que o cinema artístico mostrava sempre uma face austera e sóbria – Pink Flamingos surgiu nada mais nada menos como uma forma de expressar o outro lado da arte, o lado obscuro, o impensável. O filme é em si pura sátira, até a escolha da localização insignificante de Baltimore parece um protesto aos filmes que mostram sempre as mesmas lindas metrópoles.

A mãe retardada de Divine.

Há cenas inesquecíveis no filme. Cenas que reaparecem em sua mente em flashes que deixariam qualquer um tonto. Por exemplo: você já viu uma galinha morrendo por estupro? Exatamente. Esta obra está aí para chocar quem a vê.

Pink Flamingos tem também uma estrutura bem interessante de diálogos. Apresenta um estilo único nos monólogos épicos, que se encaixa de forma bastante peculiar com a perceptível inexperiência dos atores. Infelizmente tais monólogos e falas excessivas – por mais que por puro estilo – acabam se tornando irritantes a certo ponto.

À primeira vista, Pink Flamingos é… um filme escatológico e sem sentido feito por uma mente perturbada.

Após alguns olhares e uns pensamentos aprofundados… um maravilhoso protesto contra a austeridade hollywoodiana. O filme certamente marcou o início da era Trash, de forma a impactar gerações e chocá-las da mesma forma que no tempo em que foi lançado. Porém preciso admitir que a mente que fez o filme É perturbada. Mas John Waters continua morando em meu coração. E morará no seu também. Assista o filme e tire suas próprias conclusões.

Um psicopata chamado John Waters